Recentemente, a representante do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID) na Guiana, Lorena Solorzano Salazar, elogiou as autoridades guianenses por manifestarem sua intenção de mobilizar uma aliança global sobre biodiversidade.
A Guiana também está desenvolvendo um modelo de financiamento para serviços ecossistêmicos.

Essa atitude ousada foi revelada pelo presidente, Dr. Irfaan Ali, durante a cerimônia de abertura do Fórum de Investimentos do Caribe, realizado no Centro de Conferências Arthur Chung de 10 a 12 de julho.
No podcast Energy Perspectives, promovido pela Conferência de Energia da Guiana e pela Expo da Cadeia de Suprimentos, o representante do BID destacou a Guiana como “pioneira” na monetização de seus recursos naturais, especialmente suas florestas.
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Acordo Histórico de Créditos de Carbono
Impulsionada pela Low Carbon Development Strategy (LCDS), a Hess Corporation e o Governo da Guiana assinaram um acordo histórico em dezembro de 2022.
No acorodo, a empresa americana concordou em comprar créditos de carbono de alta qualidade.
A Hess comprometeu-se a pagar um mínimo de US$ 750 milhões entre 2022 e 2032 para a compra de 37,5 milhões de créditos de carbono REDD+ verificados independentemente.
O mecanismo REDD+ (Redução de Emissões por Desmatamento e Degradação Florestal) é uma iniciativa global de conservação criada pela Conferência das Partes da Convenção-Quadro das Nações Unidas em apoio ao Acordo de Paris.
Este acordo é um dos maiores no setor privado para a preservação florestal em todo o mundo.
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Modelos de Sucesso e Sustentabilidade
Lorena Solorzano Salazar acredita que o modelo bem-sucedido de créditos de carbono da Guiana demonstra a consciência do país em relação às mudanças climáticas.
Ela destacou que a criação de uma aliança global sobre biodiversidade permite que a Guiana ofereça um mercado para apoiar a descarbonização de países desenvolvidos que não possuem florestas ou pântanos.
A Guiana foi um dos primeiros países a monetizar seus recursos naturais, inicialmente em parceria com a Noruega, e agora faz parte do mercado voluntário de venda de créditos de carbono.
Entre 2009 e 2015, a Parceria Guiana-Noruega gerou US$ 220,8 milhões em pagamentos por serviços climáticos florestais, recursos investidos em energia renovável, entre outros.
Este modelo foi expandido e modernizado no documento LCDS 2030.
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Situação da Biodiversidade da Guiana
Segundo o LCDS 2030, a Guiana possui níveis extraordinários de biodiversidade, estando situada em duas das zonas mais ricas em biodiversidade do mundo: a região amazônica e o Escudo das Guianas.
O país abriga mais de 900 espécies de aves, 625 peixes de água doce, 250 mamíferos, 250 anfíbios e 210 répteis, totalizando pelo menos 2.285 vertebrados.
Quase 100 das espécies de vertebrados conhecidas da Guiana são endêmicas, incluindo 75 espécies de peixes, como o bagre blindado (Ancistrus Kellerae), encontrado apenas no rio Kuribrong abaixo das Cataratas de Kaieteur.
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Biodiversidade no Brasil e o Projeto Mejuruá
A BR ARBO também está explorando novas iniciativas focadas em créditos de carbono e biodiversidade.
Em conjunto com Gaetano Buglisi, o Projeto Mejuruá conserva uma reserva na floresta amazônica, local rico por sua diversidade.
Apenas na Amazônia, cientistas já classificaram cerca de 40.000 espécies vegetais, 3.000 peixes, 1.000 aves, 450 mamíferos, 400 anfíbios, 400 répteis e quase 130.000 invertebrados.
O bioma é fundamental para a manutenção do clima da região, demonstrando que projetos de carbono são essenciais para a floresta.
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Por Ana Carolina Ávila