Na Amazônia brasileira, os baixos níveis dos rios e a escassez de chuvas podem agravar a estação seca de 2024, tornando-a ainda pior do que a histórica seca de 2023.

Os estados amazônicos já sentem os primeiros sinais dessa seca iminente.

Embora as ações preventivas sejam ainda insuficientes.

A perda persistente de água é um problema nacional, mas afeta especialmente a Amazônia e o Pantanal, onde os incêndios florestais têm batido recordes.

Imagens chocantes de carcaças de golfinhos de água doce e leitos de rios rachados marcaram 2023 como o ano da pior seca já registrada na região.

Agora, um relatório da Defesa Civil do estado do Amazonas sugere que 2024 pode trazer ainda mais desafios.

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Impactos de seca na Amazônia

Apesar das chuvas que recentemente restauraram a navegabilidade de algumas áreas e reconectaram comunidades isoladas, os níveis dos rios permanecem baixos.

Em maio, o Rio Negro atingiu 25,57 metros, uma marca 1,75 m inferior aos anos anteriores.

Em junho, o Rio Madeira viu seus níveis caírem 3 metros em apenas duas semanas, atingindo 4,15 metros no dia 19, o menor valor registrado em 2024.

Até agora, a quantidade de chuva na região não tem sido suficiente para reverter essa tendência preocupante.

Em Rio Branco, capital do Acre, choveu apenas 1,20 milímetros até o final de junho, muito abaixo dos 60 mm esperados.

Em junho, 82 cidades no Brasil estavam sob seca extrema e 735 em estado de seca severa, um aumento significativo em relação aos números de 2023.

A mídia já reporta que a seca deste ano pode ser ainda mais grave e antecipada.

Renato Senna, pesquisador do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia, adverte que os efeitos da seca do ano passado ainda não foram completamente superados.

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Primeiros esforços e ações necessárias

A seca de 2023 afetou drasticamente a economia das indústrias em Manaus.

Em resposta, as empresas da região estão se preparando para um período prolongado de navegabilidade limitada.

A Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Amazonas tem colaborado com representantes governamentais para abordar a próxima estação seca. Resultando em um investimento de 500 milhões de reais para dragagem de rios.

Em Rondônia, após a queda dos níveis do Rio Madeira, a capital Porto Velho foi declarada em estado de alerta.

No Acre, a criação de um gabinete de crise e a declaração de emergência ambiental foram medidas tomadas após a queda dos níveis do Rio Branco.

As autoridades do Amazonas preveem que a seca de 2024 afetará 150.000 famílias, e estão aconselhando as comunidades a estocarem água e alimentos.

Fleischmann destaca que, embora as ações preventivas estejam sendo tomadas mais cedo, ainda são insuficientes.

Ele defende a necessidade de ações de longo prazo para prevenção, além de medidas emergenciais durante os eventos extremos.

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Uma Amazônia mais seca

A perda de água é um problema crescente na Amazônia, exacerbado pelo desmatamento, degradação florestal e mudanças climáticas.

A Amazônia, com a maior superfície de água do Brasil, perdeu a maior área de cobertura desde 1985.

A combinação desses fatores torna a região mais suscetível a incêndios florestais.

Em 2023, a Amazônia registrou um aumento de 35% nos incêndios, e 2024 já apresenta um cenário alarmante com mais de 60% de incêndios em comparação ao mesmo período do ano anterior.

O Pantanal também enfrenta desafios semelhantes, com perda significativa de áreas inundadas e recordes de incêndios florestais.

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Projeto Mejuruá contribui para as comunidades locais

A situação descrita acima destaca a importância de projetos como o Mejuruá, que buscam soluções sustentáveis e de longo prazo para os desafios enfrentados pelas comunidades amazônicas.

O projeto da BR ARBO visa desenvolver estratégias de adaptação e resiliência.

Trabalhando em conjunto com as comunidades locais para mitigar os efeitos das mudanças climáticas e promover a sustentabilidade na região.

Ao focar em práticas de conservação e gestão sustentável dos recursos naturais.

O Mejuruá desempenha um papel crucial na preparação e resposta a eventos extremos, ajudando a construir um futuro mais resiliente para a Amazônia.

Por Ana Carolina Ávila