Em projetos colaborativos com o BNDES e instituições financeiras brasileiras, Glasgow Financial Alliance for Net Zero (GFANZ) quer apoiar o Brasil a cumprir suas prioridades de financiamento climático da Presidência do G20 e alcançar metas climáticas ambiciosas

Em um potencial marco para o futuro sustentável do Brasil, a Glasgow Financial Alliance for Net Zero (GFANZ), o Banco Nacional do Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) e a Bloomberg Philanthropies anunciaram nesta segunda-feira (26) uma parceria histórica durante o Fórum Brasileiro de Finanças Climáticas para impulsionar as finanças verdes.

A GFANZ é uma entidade que reúne instituições financeiras empenhadas na transição da economia global para emissões líquidas zero de gases de efeito estufa até 2050. A parceria vai unir a expertise do BNDES, maior estruturador de projetos de infraestrutura do país, à rede da GFANZ, que agrega 675 instituições financeiras em 50 países, sendo especialista em mobilização de capital para transição climática.

O enviado especial do Secretário-Geral da ONU para Ambição e Soluções Climáticas e Co-presidente da GFANZ, Michael R. Bloomberg, e o Enviado Especial do Secretário-Geral da ONU para Ação e Finanças Climáticas e Co-presidente da GFANZ, Mark Carney, anunciaram duas novas iniciativas para apoiar os planos de transição climática do Brasil e avançar as prioridades de financiamento climático da Presidência do G20. Trabalhando com o BNDES e instituições financeiras brasileiras, essas iniciativas se concentrarão no aumento do financiamento da transição climática em toda a economia brasileira, em apoio à agenda de crescimento verde do governo.

“O Brasil possui uma combinação única de recursos e capacidades que o posicionam para ajudar a liderar a transição global para uma energia mais limpa e emissões mais baixas – e como Presidente do G20 e da COP30, o país tem a oportunidade histórica de mostrar ao mundo como o combate às mudanças climáticas, o avanço da economia e a promoção da prosperidade estão interligados”, disse Michael R. Bloomberg. “Essas novas parcerias promoverão a colaboração público-privada para ajudar a financiar projetos climáticos inovadores e transformar os ambiciosos planos do Brasil em realidade.”

A iniciativa a ser desenvolvida deve reunir, em um único ambiente, os principais projetos brasileiros que podem receber financiamento. O objetivo da plataforma é mobilizar o financiamento climático nacional e, principalmente, internacional, para promover a agenda de crescimento verde do Brasil e permitir que o país cumpra as metas do Acordo de Paris.

“Estamos estudando novas possibilidades para acelerar a reindustrialização verde do Brasil”, disse Aloizio Mercadante, Presidente do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social. “Essa parceria entre o GFANZ e o BNDES ajudará a criar novas oportunidades para investimentos internacionais nessa frente.”

“Os compromissos históricos do Brasil e sua atuação de destaque em inovação fizeram do país um líder climático global. A renovação de suas ambições cria uma oportunidade única de acelerar um crescimento inclusivo, forte e sustentável”, disse Mark Carney. “A Plataforma de Transição Climática e o Capítulo Nacional do GFANZ reunirão o que há de melhor no setor financeiro e industrial brasileiro para apoiar os dados essenciais, o planejamento da transição e o investimento que essa transição ambiciosa e essencial exige.”

Com base na Contribuição Nacionalmente Determinada (NDC) atualizada do país e nas ambições climáticas, o Brasil pretende reduzir suas emissões em 50% até 2030, com o potencial de se tornar o primeiro país do G20 a atingir o Net Zero e, ao mesmo tempo, criando empregos e disseminando a prosperidade. Isso inclui metas ambiciosas para descarbonização industrial, energias renováveis, transporte sustentável, hidrogênio verde, bioeconomia e restauração de ecossistemas.

Mais cedo, em evento de lançamento do Programa de Mobilização de Capital Privado Externo e Proteção Cambial – Eco Invest Brasil, que vai operacionalizar hedge cambial de longo prazo, o secretário do Tesouro, Rogério Ceron, disse que o Brasil tem uma oportunidade histórica no momento atual. “Há um movimento global de realocação de cadeias produtivas e essas escolhas estão acontecendo neste momento”, disse ele, segundo o Valor.

Plataforma para acelerar descarbonização

As duas iniciativas anunciadas hoje ajudarão o Brasil a atingir esses objetivos e estabelecer um referencial para que outras nações possam criar economias sustentáveis, equitativas e justas:

  1. Plataforma de Transição Climática para o Brasil: BNDES e GFANZ anunciaram sua intenção de desenvolver uma plataforma para avançar a ambiciosa agenda de crescimento verde do Brasil conforme estabelecido no Plano de Transformação Ecológica (ETP). A plataforma será liderada e projetada no Brasil, com apoio do BNDES em parceria com a GFANZ.
  • Capítulo Nacional do GFANZ no Brasil: Com base no lançamento da Rede Regional do GFANZ para a América Latina e Caribe (LAC) em outubro de 2023, o Brasil sediará o primeiro Capítulo Nacional do GFANZ na LAC. O Capítulo reunirá agentes financeiros locais para aumentar a conscientização, a ambição e a colaboração em financiamentos climáticos e questões particularmente relevantes para as instituições financeiras brasileiras.

O perfil de emissões de gases de efeito estufa (GEE) do Brasil difere significativamente da média global, com as energias renováveis atendendo a quase 45% da demanda de energia primária e cerca de 90% da matriz energética, tornando o setor energético do país um dos menos intensivos em carbono do mundo. O desmatamento e a mudança no uso da terra do Brasil respondem por cerca de metade das emissões do país, e sua economia inclui importantes concentrações da indústria global, pois está entre os dez maiores produtores mundiais de cimento, minério de ferro, aço e alumínio.

O compromisso do Brasil com a descarbonização desses setores tradicionalmente mais poluentes, juntamente com o transporte, colocará o Brasil em uma posição vantajosa à medida que a demanda por hidrogênio verde e produtos de baixo carbono aumentar globalmente. Os recursos eólicos e solares do Brasil têm o potencial de oferecer o menor custo esperado de hidrogênio verde no mundo até 2030. O governo brasileiro já fez progressos significativos no combate a essas emissões, reduzindo pela metade o desmatamento em 2023.

Com energia renovável e recursos naturais abundantes, o Brasil está bem posicionado para lançar projetos de descarbonização e estabelecer o país como um grande produtor global de produção industrial verde, ao mesmo tempo em que cria um modelo de transição climática liderada pelo país para outros países seguirem.