Recentemente, Vermont está se preparando para se tornar o primeiro estado dos Estados Unidos a adotar uma lei que condena financeiramente os maiores emissores de gases de efeito estufa (GEE) pelos danos causados pelo aquecimento global.

A Lei do Superfundo Climático (S.259), aprovada pelo Senado local, recebeu grande apoio da Câmara dos Representantes estadual e reflete uma opinião pública cada vez mais favorável à responsabilização financeira dos poluidores.

A Comprehensive Environmental Response, Compensation, and Liability Act (CERCLA), também conhecida como Superfundo, é baseada em parte nesta legislação. Essa lei responsabiliza os poluidores por serem responsáveis por derramar resíduos tóxicos.

O objetivo do projeto de lei não é punir, mas sim garantir que as empresas paguem parte dos custos de eventos climáticos extremos, como inundações e ondas de calor, que têm aumentado em frequência e severidade.

No verão de 2023, tempestades de chuva extremamente fortes atingiram Vermont e outras partes da Nova Inglaterra, causando inundações repentinas que destruíram estradas e causaram danos significativos a muitas cidades e vilas.

Esses fenômenos meteorológicos colocam em risco a segurança e o bem-estar das comunidades locais, além de causar custos significativos aos contribuintes.

Como resultado, a legislação tem como objetivo atribuir uma parte desses gastos às indústrias de combustíveis fósseis, que historicamente têm sido a principal causa das emissões de gases de efeito estufa.

A ideia de que os poluidores devem pagar pelas consequências de suas ações é apoiada por aproximadamente 66% dos eleitores nos Estados Unidos, com um número significativo de pessoas que a apoiam.

Com vendas anuais de US$ 344,6 bilhões, a Exxon Mobil é uma das empresas que podem ser afetadas pela legislação.

Por outro lado, o orçamento anual de Vermont é de aproximadamente US$ 8,5 bilhões.

Isso mostra o tamanho das operações das empresas de combustíveis fósseis em relação ao orçamento do estado e destaca a importância de uma contribuição equitativa para reduzir os danos ambientais.

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Com amplo apoio bipartidário, o projeto de lei foi aprovado em ambas as câmaras legislativas de Vermont.

Atualmente, espera a decisão do governador, que, após cinco dias de inação, pode vetá-lo, assiná-lo ou permitir que se torne lei automaticamente. Em junho, o Legislativo pode anular a decisão do governador se for vetada.

A legislação visa compensar os custos econômicos e sociais associados à mudança climática, além de fornecer um novo modelo de responsabilidade ambiental baseado na ciência.

A CERCLA, que já demonstrou ser eficaz na responsabilização de poluidores por danos ambientais em outros contextos, serve como base para este modelo.

Embora a legislação possa enfrentar desafios legais, seus defensores argumentam que é uma medida necessária para garantir que as empresas contribuam de forma justa para os custos que impõem à sociedade.

O estado de Vermont não é o único; outros estados, como Nova Iorque, Massachusetts, Califórnia e Maryland, estão considerando implementar ou já estão fazendo isso.

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Como resultado, o plano de Vermont pode servir de inspiração para um movimento nacional mais amplo à medida que outros estados procuram maneiras de combater os efeitos da mudança climática.

Impacto da legislação para os poluidores

A legislação pode ter impactos significativos na política ambiental dos Estados Unidos e na indústria de combustíveis fósseis.

À medida que as empresas do setor são incentivadas a assumir responsabilidades financeiras mais explícitas por seus efeitos ambientais, elas podem ser pressionadas a reduzir suas emissões e investir em tecnologias de energia limpa.

A Lei do Superfundo Climático de Vermont é um esforço audacioso e inventivo para lidar com os custos crescentes das mudanças climáticas.

O estado está estabelecendo um precedente significativo que pode impactar a política ambiental em nível nacional ao cobrar indenizações financeiras dos maiores emissores de gases de efeito estufa.

A iniciativa, que recebe amplo apoio público e legislativo, mostra uma mudança na maneira como a sociedade está lidando com os desafios ambientais do século XXI.

Projetos que se beneficiam com

O projeto Mejuruá da BR ARBO Gestão Florestal pode se beneficiar se tais políticas ambientais forem adotadas no Brasil.

Os créditos de carbono podem ser uma forma de cobrar os poluidores por suas emissões e permitir que projetos como o Mejuruá seja financiado.

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Por Ana Carolina Ávila