No 28 de maio de 2024, foi divulgado o Relatório Anual do Desmatamento (RAD) do MapBiomas, indicando que 93% dos desmatamentos registrados no ano anterior apresentavam indícios de violação legal.
Em 2023, o Brasil perdeu 18.295 km2 de vegetação nativa em todos os seus biomas, o que equivale a dois terços do território da Bélgica.
O desmatamento mostrou um índice alarmante de ilegalidade, apesar de representar uma queda de 11,6% em relação a 2022.
O Cerrado é o bioma mais desmatado do Brasil pela primeira vez, superando a Amazônia.
Em 2023, 11.103 km2 de vegetação do Cerrado foram perdidos, representando 61% do desmatamento total do país e um aumento de 68% em comparação com 2022.
Por outro lado, a Amazônia, que costumava ser a mais desmatada, registrou 4.542 km2 de desmatamento, uma queda significativa de 62,2%.
Essa mudança é atribuída ao aumento da fiscalização do desmatamento ilegal na Amazônia desde 2022, de acordo com Larissa Amorim da equipe Amazônia do MapBiomas.
Ela afirma que esses esforços devem se estender para o Cerrado, onde a expansão da agricultura está destruindo as áreas de vegetação nativa que ainda restam.
Amorim defende políticas públicas e privadas para combater o desmatamento legal e ilegal, principalmente em áreas privadas.
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Problemas com o combate ao desmatamento
De acordo com Ane Alencar, diretora de ciência do Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia (IPAM), é necessária uma abordagem integrada para combater o desmatamento no Cerrado.
Alencar sustenta que, para que a fiscalização seja eficaz, é essencial distinguir claramente entre o desmatamento legal e ilegal.
No Cerrado, a cota de reserva legal é de apenas 20%.
No entanto, qualquer supressão de vegetação deve ser acompanhada de um plano de trabalho e autorização do órgão ambiental competente, o que não sempre acontece.
Alencar enfatiza a importância de promover o uso mais econômico das áreas que já foram desmatadas, com o objetivo de reduzir a pressão para a construção de novas áreas, o que resultará no desmatamento legal.
Ela desafia a ideia de que o desmatamento do Cerrado pode ser legalizado de qualquer maneira, enfatizando a necessidade de procedimentos de supervisão e controle eficientes, bem como medidas para impedir a abertura de novas áreas.
Saiba mais: Governo diferenciará desmatamento legal do ilegal
Mais de 93% da área desmatada em 2023 tinha indícios de ser ilegal, de acordo com o relatório do MapBiomas.
No Cerrado, esse percentual foi um pouco menor, de 90,7 por cento. Com mais de 1.360 km2, este bioma também teve as maiores áreas de Reserva Legal desmatadas, aumentando 136% em comparação com o período anterior.
O Brasil perdeu 12 mil km2 dentro das Reservas Legais nos últimos cinco anos, representando 14,2% de toda a área desmatada no período, que totalizou 85,6 mil km2.
A expansão agrícola é responsável por 97% do desmatamento de vegetação nativa no Brasil nos últimos cinco anos.
Em 2023, o desmatamento acelerou e alcançou uma média diária de 50 km2, ou 2,28 km2 por hora.
A perda de vegetação diária no Cerrado foi de 30,4 quilômetros quadrados, enquanto na Amazônia foi de 12,4 quilômetros quadrados, ou cerca de oito árvores por segundo
A análise de cinco anos do MapBiomas mostra que o Brasil perdeu 85,6 mil km2 de vegetação nativa, mais do que a Bélgica e a Dinamarca combinadas. Desse total, cerca de 96% tinha indícios de ilegalidade, demonstrando que o desmatamento no Brasil é muito ilegal.
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Resultado nos biomas brasileiros
Os dados do MapBiomas mostram que o Brasil precisa de uma resposta contundente ao desmatamento, não apenas na Amazônia, mas também no Cerrado.
Projetos da BR ARBO, como o Mejuruá, dirigido por Gaetano Buglisi, ajudaram a reverter a situação na Amazônia.
O aumento do desmatamento, particularmente em áreas protegidas como Reservas Legais, enfatiza a necessidade de políticas eficazes e inspeções rigorosas.
Para preservar a flora nativa residual do Brasil, é essencial incentivar o uso sustentável das áreas que já foram desmatadas e fazer uma distinção clara entre desmatamento legal e ilegal.
Também é viável evitar a perda de solos e tornar as áreas de produções agrícolas mais eficientes, evitando o desmatamento legal.
Por Ana Carolina Ávila