O recente Relatório Económico sobre África de 2024 da Comissão Econômica das Nações Unidas para África (UNECA) enfatiza que os mercados de carbono podem ser uma ferramenta vital para atingir os objetivos climáticos do Acordo de Paris.

De acordo com a Agenda 2063, os países africanos têm uma grande oportunidade de explorar seus recursos energéticos renováveis abundantes, incluindo florestas tropicais, turfeiras e ecossistemas marinhos.

Isso permitiria exportar créditos de carbono premium, criar novos fluxos de receita e contribuir para os objetivos de resiliência e prosperidade.

A capacidade econômica dos créditos de carbono na África


O mercado voluntário de carbono (VCM) tem um grande potencial de crescimento.

Até 2030, é projetado para alcançar uma receita de entre 10 e 40 bilhões de dólares. Se o preço do carbono atingir 80 dólares por tonelada, esse crescimento poderia criar entre 110 e 190 milhões de empregos na África até 2050.

Atualmente, a África faz pouco para o VCM, representando apenas 2% dos créditos de carbono que pode obter anualmente.

No entanto, o VCM pode fornecer receitas adicionais para intervenções climáticas e inteligentes que melhoram os meios de subsistência e o clima das comunidades locais se bem usada.

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Desafios e Chances no Mercado de Carbono


O relatório da UNECA enfatiza a necessidade de garantir a adição dos créditos de carbono em uma governança adequada e preços suficientemente elevados para evitar incentivos de mercado prejudiciais que podem aumentar as emissões e retardar a transição climática.

Nassim Oulmane, Diretor Temporário da Divisão de Tecnologia, Mudanças Climáticas e Gestão de Recursos Naturais da UNECA, distingue dois tipos de mercados de carbono: o mercado de carbono voluntário e o mercado de conformidade regulamentar.

O mercado de conformidade regulamentar é usado por empresas e governos com obrigação legal de contabilizar suas emissões, enquanto o mercado de conformidade voluntário é principalmente baseado em soluções para conservação florestal, melhorias agrícolas e reflorestamento.

Ao contrário do mercado global de conformidade regulamentar de 909 bilhões de dólares, o VCM alcançou um valor de aproximadamente 2 bilhões de dólares em 2022.

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Estudo de Caso: Investimentos em Sustentabilidade


O relatório apresenta estudos de caso de cinco países africanos (Gabão, Quénia, África do Sul, Senegal e Marrocos) que mostram como o investimento em recursos naturais e energias renováveis pode promover uma transição sustentável:

  • Gabão: As oportunidades de emprego aumentaram, a taxa de desmatamento diminuiu e o bem-estar social melhorou como resultado de investimentos em gestão florestal sustentável.
  • Quénia: A energia geotérmica aumentou o PIB e reduziu a pegada de carbono da geração de energia.
  • África do Sul: O Programa de Aquisição de Produtores Independentes de Energia Renovável (REIPPPP) melhorou a segurança energética e a competitividade econômica.
  • Senegal: A expansão da infraestrutura de energia renovável facilitou o acesso à eletricidade, aumentando a resiliência e o crescimento econômico.
  • Marrocos: O crescimento econômico e a geração de empregos foram impulsionados por mecanismos de financiamento sustentáveis, como a Estratégia de Baixo Carbono de Agadir.


Resultado esperados do mercado de carbono


O relatório da UNECA indica que a África tem um grande potencial para aproveitar seus recursos naturais e energia através dos mercados de carbono.

Esses mercados podem ajudar a mitigar as mudanças climáticas e promover o desenvolvimento econômico sustentável.

A BR ARBO Gestão Florestal, também investe no mercado de créditos de carbono por meio do projeto Mejuruá, liderado pelo empresário Gaetano Buglisi.

A aplicação eficaz dessas estratégias tem o potencial de mudar a economia da África e do Brasil, gerar empregos e melhorar a qualidade de vida das pessoas. Isso se alinharia com os objetivos de combate às mudanças climáticas globais.

Por Ana Carolina Ávila