Recentemente, as grandes petrolíferas estão emergindo como as maiores beneficiárias na expansão do mercado de créditos de carbono.

Esse desenvolvimento levanta preocupações significativas entre especialistas em sustentabilidade.

Embora as empresas de petróleo e gás sejam responsáveis por grandes emissões de gases de efeito estufa, especialmente as chamadas emissões de Escopo 3 (emissões indiretas na cadeia de valor).

Existe um movimento crescente para permitir que essas corporações utilizem mais créditos de carbono para compensar suas emissões.

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Polêmica sobre créditos de carbono

Em abril de 2024, a iniciativa Science Based Targets (SBTi), conhecida por validar metas climáticas corporativas, surpreendeu ao indicar que os créditos de carbono poderiam ser usados para reduzir as emissões de Escopo 3.

Empresas de petróleo e gás, cujas emissões de Escopo 3 são as maiores, têm muito a ganhar com essa flexibilização das regras. Isso permiti atingir metas climáticas sem realizar mudanças estruturais profundas.

Catherine McKenna, ex-ministra do Meio Ambiente do Canadá, expressou preocupação sobre essa abordagem.

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Alertando que permitir que as petrolíferas compensem suas emissões comprando créditos baratos poderia enfraquecer a integridade dos esforços globais de mitigação climática.

Além disso, o recente movimento da SBTi causou controvérsia, pois parece contradizer a posição anterior de que a prioridade deveria ser a redução direta das emissões, com o uso de créditos limitado a emissões residuais.

Embora a SBTi esteja desenvolvendo diretrizes específicas para empresas de petróleo e gás, há receios de que essas normas possam ser influenciadas pela pressão das próprias indústrias.

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Impactos no Mercado: Projeto Mejuruá

A discussão sobre o papel das petrolíferas no mercado de carbono também reflete uma mudança no cenário de investimentos ESG (Ambiental, Social e Governança).

Embora tenha havido uma reação contra investimentos ESG em certos setores, essa resistência parece estar diminuindo.

O projeto Mejuruá demonstra como a expansão do mercado de créditos de carbono é crucial para o combate às mudanças climáticas.

A BR ARBO atua realizando o manejo sustentável de uma reserva na Amazônia, comercializando créditos de carbono.

Ao comprar créditos como estes, é possível contribuir para o fortalecimento de projetos essenciais para o a manutenção do clima.

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Por Ana Carolina Ávila